segunda-feira, 31 de agosto de 2015

A Real Politica há...

Getulio Vargas estava longe de ser cosmopolita, limitou se a viagens para a Bolivia, ao Paraguai e sobretudo a Argentina e ao Uruguai, estes com os quais tinha intimidade desde da juventude. Recusou seguidos convites do presidente Roosevelt para visitar os Estados Unidos, enviando emissários em seu lugar, apesar do presidente americano ter vindo ao Brasil em 1936 e 1943. Anotou a funda impressao que lhe causaram as viagens a Amazonia e ao Araguaia, esta última habitada por tribos indigenas que o receberam de modo festivo. Por mais que a realidade lhe fosse por vezes penosa e as decisões de governo envolvessem tensões, Getulio tratou de manter os pés na terra, evitando recorrer não só a religião como também a bruxos ou astrólogos. Em seu diario declara ser pouco supersticioso e com ironia refere se a simpatía pelo número 13. Em Dezembro de 1938 fica espantado com a credulidade do interventor de São Paulo, Adhemar de Barros, quando este lhe fala de seus contatos com os antepassados em sessões espiritas e mostra pedras que teria recebido de mensageiros do Espaço. No inicio da Revolução de 1932 sentiu se alentado no primeiro momento pela informação de que o vidente Sana Khan, muito famoso na época, prognosticara a derrota paulista em poucas horas.
Getulio tinha costumes sóbrios, era pouco dado a certas honrarias como revela esta ironica anotação em seu diário, de 6 de Novembro de 1934:
" Recebi ( ... ) o encarregado de negocios do México que veio me trazer a grã cruz da Aguia Asteca, com que me condecorou o governo mexicano. Já tenho uma boa coleção dessas latas pintadas que fazem as delicias de nossos diplomatas.
Como todo presidente da República, tinha de comparecer a festividades e recepções, em geral muito aborrecidas. Mas gostava de algumas, particularmente as idas ao Jockey Club na Gávea.

O sistema eleitoral e político da democracia representativa no Brasil permaneceu inalterado. E a estrutura da organização Sindical herdada por Getúlio Vargas no Estado Novo, sobreviveu ao regime liberal de 1946 a ditadura militar de 1964 a Nova Republica de 1984 sob a vigência da Constituição de 1988 dita" Cidadã" por Ulysses Guimarães.
José Ribamar Ferreira Araújo da Costa (Sarney/ 1930, Maranhão), além de político, escritor e jornalista assumiu a presidencia da República em 1985 com a morte de Tancredo Neves. E foi o responsavel pela convocação da Assembleia Constituinte para elaborar a Constituição de 1988.

Não há noticia na Historia do Brasil independente, de alguem que tenha sido forçado a deixar o poder em condições tão particulares como:
Pedro II, Washington Luís, João Goulard ou Fernando Collor- figuras tão diferentes, pertencentes a épocas diferentes por circunstancias distintas que difícilmente, por hipotese alguma pensaríam em voltar ao poder.
Quando Pedro Collor de Melo denunciou o irmão e presidente Fernando Collor de Melo - o mesmo tornou se lider da derrubada no senado, assim como a deputada Roseana Sarney na Camara. Logo depois instalou se como PSDB no governo tampão, aceitou a chancelaria e depois o Ministério da Fazenda. Dali capitaneou a mudança da moeda e o Plano Real, produto das maquinações econométricas de Pérsio Arida, Pedro Malan e Gustavo Franco. Com os preços cotados numa tal Unidade Real de Valor o povo delirava com o governo que havia domado o monstro da inflação. Quando a eleição foi disputada no fim do ano, Fernando Henrique era o artífice do Real e Lula seu advogado do Diabo. Convencido por Mercadante de que o Plano Real repetiria o malogro do Plano Cruzado de Sarney, o candidato decidiu execra lo na Campanha.
Foi a estabilidade fiscal monetária e financeira do Plano Real que levou Lula como político aos pincaros da gloria, oito anos depois, em materia de prestigio e popularidade. Decepcionado com a derrota no primeiro turno para o presidente Fernando Henrique Cardoso, Lula não desistiu do projeto presidencial do Partido dos Trabalhadores, ao programa de governo de ruptura com o mercado economico internacional e a favor da reforma agraria.
Em 1998 o PT fez a primeira concessão ao seu projeto de isolacionismo político e ofereceu a vice presidencia ao antigo aliado e desafeto Leonel Brizola, derrotado por Lula em 1989.
O Brasil estava em crise pedindo ajuda para o FMI, mas o eleitor preferiu optar pelo Porto Seguro de uma política conhecida que deu certo. O Plano Real elegeu duas vezes consecutivas o PSDB e impos a Lula a segunda derrota. Quando esteve no poder em 1998 aproveitou a emenda Constitucional que reduziu o mandato para quatro anos. E Olivio Dutra elegeu se governador do Rio Grande do Sul- o estado de Brizola - a única vitoria significativa do PT neste periodo. Os outros Estados conquistados por Companheiros de Lula foram: Acre e Mato Grosso do Sul, num prenuncio de que os grevistas do ABC marchavam para os grotões.
Como figura característica do radicalismo anti Getulio destacava se Carlos Lacerda, que ao jornal Tribuna da Imprensa, lançava petardos incendiarios contra o presidente. As tentativas da oposição no sentido de afastar Getulio do poder martelavam em dois temas: o auto golpe getulista, com apoio dos Sindicatos, e o da responsabilidade pela corrupção. Entre outras derrotas, Getulio perdera a batalha dos meios de informação. Tinha contra a implacavel cadeia de jornais e rádios de Assis Chateaubriand, O Estado de São Paulo e a Tribuna da Imprensa.
A Última Hora tinha sido fundada em 1951 por Samuel Wainer, como orgão oficioso do governo.
Um bom indicio da percepção da figura comum de Getulio Vargas se encontra nas cartas a ele dirigidas, que foram encaminhadas a Secretaria da Presidencia da República, sob a chefia de Luiz Vergara, que exerceu a função entre 1936 e 1945. As cartas tinham objetivos pessoais- pedidos de emprego, de promoção, de vagas em hospitais, etc.
No campo das relações com os países sul americanos, com Getulio no poder e Perón na Argentina, estariam dadas as condições para uma aproximação ditada por afinidades ideológicas. Segundo Carlos García Marín, secretario administrativo do Sindicato de Petroleiros da Argentina e amigo de Perón, entrevistado em 1995 pelo jornalista Hamilton Pereira, o general financiou parte da Campanha de Getulio em 1950.

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